Feitos a partir do desenho à vista de objectos dispostos deliberadamente no seu atelier, não há nestas obras a reconstituição de memória que vemos operar noutras pinturas, e por isso a eliminação do tempo ou da narrativa é quase radical, exceptuando os casos em que o pintor adiciona um mar que na verdade não se podia ver da janela.
Manuel Amado falou no prazer que lhe deu pintar estes trabalhos, inicialmente de formato mais pequeno e depois maior: "Adorei fazer as naturezas-mortas, não imagina. Eram quadros relativamente pequenos e depois comecei a ver o mar também, a ver as luzes a jogar com mais força. A maior parte desses quadros eram todos do canto do atelier. Eu pegava em objectos e punha-os quase todos no mesmo sítio... era a luz que entrava pela janela, não tenho mar, mas ele aparece." (2018)