A propósito de uma visita ao convento da Arrábida, Manuel Amado escreveu: "Na sacristia fui encarar com uma janela alta por onde o sol da tarde entrava docemente, poisava no chão e ia lamber ainda um pouco da parede. Ao fundo havia uma arca velha com gavetas. […] Fiquei a olhar através da vidraça as vertiginosas descidas da serra que lá muito em baixo, muito ao longe, mergulhavam no azul esverdeado do mar.”
Neste ciclo de pintura, Manuel Amado explora a capacidade de atenção ao espaço só possível através do recolhimento face ao mundo exterior, como se o distanciamento melhor permitisse a observação do mundo através de pormenores.