A Casa Visitada

«Um exemplo clarificador de quadros que procuram fixar a memória do que o artista viu em sossego é a série de telas desta exposição que representam o interior de uma casa que não tem habitantes permanentes e que está quase sempre vazia. É habitada, de tempos a tempos e por diferentes ramos da mesma família. É ao mesmo tempo uma casa com gente e sem ninguém. Pela sua natureza paradoxal, ambígua, torna-se um assunto natural para Manuel Amado.  

O silêncio que percorre os quartos não é perturbado pelo som de vozes ou de passos. As cadeiras, mesas, camas, candeeiros, as sombras que projectam e a luz que se lhes derrama em cima e em torno falam de ausência, não apenas no sentido de vazio, mas também da ausência do pintor, que ali, nas formas de uma presença plástica, lúcida, dá corpo, à memoria do que viu em perfeito e ininterrompido sossego.» — Hellmut Wohl, excerto do texto referente à exposição: Manuel Amado, Pintura - Galeria Nasoni, Lisboa, 1992
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